quarta-feira, 22 de abril de 2009

Três cuecas e três pares de meia

Domingo. Enquanto eu esperava por Vanessa, um casal japonês (ou chinês, ou coreano, nunca se sabe) fazia seu book de casamento junto à enorme porta da catedral do Duomo.

Era pra ser só um café da manhã quase almoço, pouco depois do meio-dia, num restaurante na praça do Duomo, mas a Vanessa falou: “Vamos pra Milano?” Eu devo ter olhado pra ela com aquela cara de “não tô nem louco de deixar Firenze”, e ela acrescentou: “eu garanto o hotel”. E eu ainda pedi 5 minutos pra pensar.

Eu sei que qualquer pessoa diria “sim” sem nem piscar, mas gente... é minha derradeira semana em Firenze. E Firenze é... bem, deixa pra lá. Depois de dois cappuccinos, uma insalata e uma corrida de táxi, eu disse a Vanessa que sim. Arrumei a mochila da maneira mais rápida e desarrumada possível, e entrei no ônibus.

Durante a viagem, eu não parava de pensar... Quem deveria estar aqui era o Fábio. Ele seria um músico entre músicos. Ele correria o risco de nunca mais sair desse ônibus e de abandonar de vez a engenharia. “I wish you were here, Fábio”, eu repetia em pensamento. E quando Léo, o técnico de som, colocou pra tocar o DVD do Pink Floyd, e Kassim plugou o adaptador-estrela que permitia 6 fones de ouvido no mesmo aparelho, éramos todos ouvidos a esse belo show, com direito a “I wish you were here”, Fábio.

No dia seguinte, já cheio de saudade de Firenze, fui logo pela manhã comprar minha passagem de trem de volta. Sob a garoa de Milano: São Paulo pura. E quando eu desci do ônibus 60, em frente à estação, eu boquiabri-me. Isso é não é uma estação de trem, é um palácio.



Segunda-feira à tarde, a passagem de som, que foi um verdadeiro show. Primeiro a banda brincou à vontade, depois Vanessa entrou e cantou de tudo (Donato, Caimmi...), mas principalmente Djavan. Lembrei de uma conversa no Rio, quando ela havia dito que não se sentia muito à vontade pra gravar outros compositores, principalmente os clássicos. Mas Vanessa cantando Djavan é simplesmente delicioso.



Gastei toda a memória da câmera na passagem do som. À noite, fui ao show sem câmera. Devo ter sido o único. Fiquei pensando se Julio, o iluminador, leva em conta aquele monte de displays acesos ao fazer sua escolha de luzes. Aliás, o Júlio simplesmente arrasou: fez uma iluminação de cair o queixo em “Eu sou neguinha?” Ah, quem apareceu por lá foi o Ronaldinho Gaúcho. Não quis aparecer muito no palco, mas trocou uma reverência mútua com Vanessa.

Depois do show, não quis me juntar à turma para o jantar pós-show e voltei andando para a cama. No domingo, havia dormido no hotel. Na segunda, devido a um mal-entendido, dormi no ônibus mesmo com o quarto estando disponível pra mim. Então anotem aí mais um item na minha lista de hospedagens dessa viagem: albergue em Roma, casa de desconhecido e hotel com internet de 5 Euro por hora em Bologna, hotel de duas estrelas com internet no quarto (o melhor hotel até agora) e casa de Bigi em Firenze, hotel quatro estrelas e ônibus de turnê em Milano.

No escuro do ônibus, felizmente a câmera ainda me deu um minutinho de memória pra gravar uma música que estava nascendo na minha cabeça. Numa pequena viagem musical de dois dias, foi bom concluir a noite com início de música nova. Vejam aí a ultrassonografia de uma canção que talvez nasça daqui a algum tempo. Tem cara de menino, mas desconfio de que será uma menina.



Terça-feira pela manhã, me despeço da turma que já acordou e deixo um bilhete alaranjado para Vanessa, agradecendo o aventureiro desvio de rota.

Outra coisa boa da vinda a Milano: andar no Freccia Rossa, o bonito trem de alta velocidade italiano. Duas horas e dez minutos depois, eu estava em Santa Maria Novella, estação ferroviária de... Firenze. Ah, tem algo no ar de Firenze. Um clique de porta atrás das costas que faz a gente saber que entrou em casa.

Rearrumei a bagagem e fui até o Istituto. A primeira pessoa que vi foi minha querida professora Barbara. Depois, já na sala de estudo e internet, Erwen, Bernardete e Liliana. Coisa boa ver aqueles rostos. Pesquisei e reservei um hotel em meu – desculpe, Tia Monca – NOSSO próximo destino: Viareggio, uma praia ainda na região da Toscana, a hora e meia de trem de Firenze.

Também inaugurei o Skype do iPod. Parece que todo mundo adivinhou e estava online: Karina (com Kildare e Luís em casa), Mainha (com Biba, Tia Monca e Neima), Nininha, Felipe, Polyne, Alba. E eu nem lembrava que era feriado no Brasil. Viva Tiradentes, por ter me dado essa alegria de ouvir as vozes tão queridas e tão cheias de alegria. Nininha chegou a chorar. Amo vocês, gente.

E vamos lá... viajar!

Peraí, peraí! Tem que lavar as meias e cuecas do título! Normalmente, bastam duas cuecas e dois pares de meia. Usa um enquanto o outro seca. Mas, quando surge um imprevisto como essa rapidinha em Milano, é que a gente vê que melhor mesmo é ter três na bagagem.

3 comentários:

  1. Oi Junior,
    Foi maravilhoso falar com você ontem no skype e hoje no telefone :)
    Estamos com saudades !!!
    Beijos,
    Sabrina

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  2. Oi, Junoca. Primeiramente, desculpe-me por abandonar voce na viagem, sem sequer avisar
    :( Mas, felizmente, sei que voce nao ficou sozinho. Em segundo lugar, dei gargalhadas ao terminar de ler sua mensagem. So entao entendi o titulo. Beijos

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  3. Dá uma musica nossa de presente pra Vanessa, isso se ela aceitar lógico!
    Manu Kelé

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